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Resumo biográfico de Madre Helena do Espírito Santo, nascida em 2/maio/1736 e falecida em 23/Fevereiro/1775, co-fundadora do Mosteiro da Luz.
Nasceu Helena em 2 de maio de 1736, filha de Francisco Calaça e Maria Leme, na região de Paranapanema, sul do Estado de São Paulo. O Beato Frei Galvão fez um breve relato de sua vida:
"Nasceu Helena em Paranapanema. Freguesia pertencente naquele tempo ao bispado de São Paulo; nela ciou-se até a idade de 17 anos; em todo esse tempo eram notáveis os seus procedimentos dando já indícios de sua futura santidade; exercitava-se em obras de caridade, obediência e mansidão para com os domésticos; mui freqüente no exercício da Santa Oração, Via- Sacra e outros atos religiosos, que deixo de os referir por evitar prolixidade; dizendo somente que, entre noite e dia, tinha sete horas de oração. As suas penitências eram contínuas, anos inteiros usou cilícios, dormindo com eles em terra fria, digo sobre a terra; usava de disciplina de sangue procurando o silêncio e oportuno tempo da noite. Algumas vezes encontrou-se com feras, entre as quais em certa ocasião uma onça. Invocando o nome de Jesus, com estranha velocidade fugiu o tigre. Aos sete anos levaram seus pais de mudança a um descoberto de ouro, distante alguns dias de sua casa, e como não podia a menina preencher a tarefa dos diários exercícios (de oração), esperava nos pousos que faziam os da comitiva, enquanto descansavam todos e dormiam, e fora de horas, retirava-se para os matos, servindo-lhe de farol, para não se perder, os fogos que faziam os arranchados da sua comitiva, aí, pois, se disciplinava de sorte que não fosse percebida. Eram-lhe os jejuns contínuos; o mesmo na freqüência aso sacramentos, etc. etc." (Maristela, p. 49-50)
Veio com os pais a São Paulo e entrou como servente no Recolhimento de Santa Teresa, recolhimento feito sob a inspiração da Ordem Carmelita Descalça, de Santa teresa de Ávila.
"Recebida pelas mencionadas Recolhidas lá esteve vinte e oito anos; em todo esse tempo admiraram-se as virtudes que resplandeciam na Serva de Deus, Helena Maria do Espírito Santo, a qual todos os dias jejuava a pão e água, comendo só ao jantar um pão inteiro, ou meio, senão parte diminuta; algumas vezes passou três dias sem comer coisa alguma. Chegou este excesso a cinco dias; a Caridade que lhe estava no coração a transportava muitas vezes, publicamente, fora de seus sentidos; muitos anos com alegria de seu coração serviu às referidas Recolhidas por ser o ofício de servente o mais humilde entre elas, etc. etc." (Maristela, p. 50)
Vestiu o hábito de religiosa em 25 de janeiro de 1769, pela doação do dote feita pelo Pe. Dr. Manoel José Vaz, seu confessor por quinze anos. Fez profissão dos votos simples em 25 de janeiro de 1770. Prossegue o Beato Frei Galvão:
"A sua pobreza era extrema e voluntária porque rejeitava esmolas oferecidas de alguns devotos e de seus próprios confessores; só possuía um hábito e uma caixinha velha com algumas coisinhas sem valor. Era admirável n a compostura dos olhos, que por nunca os levantar não conhecia nem ainda o confessor senão pela fala, que pela experiência que tive, observei era sem a mínima exageração. Neste Recolhimento lhe apareceu o diabo tomando a forma de alguns de seus Confessores, que a dirigiam; pelo discernimento grande de que era dotada, e auxílio do Céu, nunca este a iludiu e sempre dele triunfou, porque com seus atos de humildade que fazia dava ele demonstração de sua soberba. Outras muitas coisas poderia referir, que por brevidade as deixo" (Maristela, p. 50)
Como o Beato Frei Galvão era seu confessor, Madre Helena expôs-lhe que Nosso Senhor lhe pedia que fundasse um novo Recolhimento; Frei Galvão, por prudência, a princípio negou sua aprovação. Com a insistência de sua penitente, examinou a questão, consultou-se com vários eclesiásticos. Jesus apareceu a Madre Helena novamente, mostrando-se como o Bom Pastor, rodeado de muitas ovelhas, umas nos ombros, outras nos braços, outras procurando subir-lhe pelo corpo e disse- lhe: "Eis aqui estas minhas ovelhas que procuram um aprisco para se recolherem e não o encontram, pois, vós podendo, não quereis subministrar-lhes um, fundando um convento em cumprimento de minha vontade" (Maristela, p. 52). Frei Galvão, convencido que era realmente vontade Deus, procurou com todos os meios as permissões necessárias, mesmo em meio às seríssimas restrições a que todas as ordens religiosas estavam submetidas pelo governo Real português. Desde 1764 o Marquês de Pombal, perseguindo a Igreja, proibia às ordens de receber noviços e realizar novas fundações, com o objetivo de extinguí-las. Proibidos os Conventos de Ordens religiosas, tolerava-se, em regime de exceção, um ou outro Recolhimento, onde senhoras piedosas se reuniam para viver retiradas, sem emitir oficialmente os votos religiosos. Com o apoio irrestrito do devoto Capitão-general de São Paulo (o que eqüivale ao título de governador), Dom Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão, o Morgado de Mateus, foi realizada a fundação a 2 fevereiro de 1774, dia de Nossa Senhora da Luz, mas não segundo os moldes da Ordem Carmelita, como desejava Madre Helena. O novo bispo, Dom Manuel da Ressurreição, franciscano, decidiu que ele se conformaria à ordem das Concepcionistas. Madre Helena foi constituída regente e mestra de suas primeiras oito filhas espirituais: essa obra desejada por Cristo estava, assim, iniciada! O convento era paupérrimo, estreito e mal provido de qualquer recurso material. Nele abundava porém a consolação divina! Viviam felicíssimas as irmãs, em meio a muitas austeridades, embora muitas delas proviessem de famílias ricas da Capitania de São Paulo. Então, de improviso uma provação se abate sobre elas: apenas um ano e vinte dias depois de fundado, morre Madre Helena! Sofrera por oito dias fortes cólicas, descrição que faz suspeitar ter sido vítima de apendicite aguda. Conta-nos Beato Frei Galvão:
"...foi Deus servido por seus altos juízos levá-la para Si, querendo somente que se dispusesse ela esta tão grande obra de seu divino beneplácito, e logo depois dar-lhe o prêmio dos seus trabalhos e virtudes, tirando-a deste vale de misérias para o seu eterno descanso. Faleceu a 23 de fevereiro de 1775; deu alguns indícios da sua morte, nela se conheceram aqueles mesmos sinais que a lenda de alguns santos os fazem admiráveis; o seu corpo ficou flexível de tal sorte, que falecendo ela no dia 23, em o seguinte dia 24 estalavam os dedos quando eram comprimidos. Eu mesmo com a minha diligência dei 25 estalos em os referidos dedos, e tão altos, que foram ouvidos por todos os que se achavam na Igreja. O sangue de uma pequena incisão que se fez oito horas depois do seu trânsito, sem ser em veia, saiu fluido, dele se serviu a piedosa devoção dos circunstantes, e de algumas relíquias que se puderam decorosamente extrair; está sepultada na Capela-mor da mesma Igreja; dizem que tem feito muitos prodígios, eu sou testemunho de vários, porém, de um com admiração notável" (Maristela, p. 76)
Daí por diante, caberá ao santo Frei Galvão continuar a obra iniciada, mas agora com a ajuda de uma santa no Céu, Madre Helena do Espírito Santo. Dentro em pouco tempo uma verdadeira tempestade se abaterá sobre este recolhimento, mas, por ser fundado sobre a rocha, não será destruído (a história você já conhece, na p._). As vocações se multiplicaram, como o Bom Pastor predissera. Para elas o Beato Frei Galvão redigirá um Estatuto, que serão como as "Constituições" a serem seguidas pelas irmãs, além de muitas orientações práticas para a vida espiritual.(Veja em Cadorin: "Anotações das irmãs sobre conselhos dados por Frei Galvão", p.157-164; "Estatuto das Recolhidas" (escrito por Frei Galvão), p. 164-184). Sinal da proteção e fecundidade divina, a obra iniciada por Madre Helena e Frei Galvão venceu terríveis provações, produziu muitos frutos. O aprisco pedido por Cristo também multiplicou-se, e novos mosteiros se fizeram a partir do Recolhimento da Luz (Cadorin, p.111, nota número 15): 1. Sorocaba (SP), em 1811 (fundado também pelo Beato Frei Galvão) 2. Guaratinguetá (SP), em 1944 3. Itu (SP), em 1949 4. Piracicaba (SP), em 1956 5. Ponta Grossa (PR), em 1965 6. a partir do Mosteiro de Sorocaba: Uberaba (MG) 7. a partir do Mosteiro de Sorocaba: Joinville (SC) 8. a partir do Mosteiro de Uberaba: Jataí (GO) 9. a partir do Mosteiro de Uberaba: Bragança Paulista (SP) 10. a partir do Mosteiro de Itu: Bauru (SP)
Bibliografia sobre Madre Helena: Veja em Cadorin: Célia B. CADORIN et alii, Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, Biografia Documentada, Vol. II, Roma, 1993. Sobretudo do capítulo 5o. ao 7o., p. 85-184. (Para obter este livro, a POSITIO de Frei Galvão , dirigir-se ao Mosteiro da Luz). Veja em MARISTELA, Frei Galvão, Bandeirante de Cristo, 2ªedição, São Paulo, Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, 1978 . Sobretudo do capítulo 5o. ao 9o., p. 49-113.(também disponível no Mosteiro da Luz).
Restos Mortais de Madre Helena: guardados na clausura do Mosteiro da Luz.
O Mosteiro da Luz pretende iniciar a causa de Madre Helena depois que for encerrada a do Beato Frei Galvão (quando ele for declarado santo pelo Papa). Se você se sentir inspirado para isso, escreva ao Mosteiro da Luz pedindo à irmãs a abertura da causa de canonização de Madre Helena! Se houver o desejo dos fiéis e a Igreja julgar oportuno, pode iniciar a sua causa, e Madre Helena poderá um dia ser declarada santa! Se desejar comunicar alguma graça recebida por sua intercessão, faça agora mesmo uma carta com o seu testemunho.
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